Gêmeas nas Manifestações

Hoje acordei e me deparei com um dos textos mais lindos sobre gêmeas que eu já li! É tão atual, significativo e "gêmeo" que eu tive que trazer para o blog e dividir com vocês, gêmeos e simpatizantes que acompanham as nossas histórias. O texto é da jornalista Natasha Ribeiro e se refere à manifestação que ocorreu ontem (17/07/2013) no Leblon. 

"Para aqueles que sempre fazem perguntas nonsense por eu ter uma irmã gêmea, se já acordei achando que era ela, etc fica a resposta para vocês:

Não aderi às manifestações porque tento ter certa convicção antes de entrar de cabeça em alguma coisa. Ainda tinha minhas dúvidas e continuo tendo. O problema é que chega uma hora que mesmo que as coisas ainda não estejam claras, você tem que fazer alguma coisa - ou as coisas escurecem para a sua consciência.Foi hoje. 

A manifestação saiu da porta do Cabral no final do Leblon e veio parar em Ipanema, mais precisamente na porta do Beltrame, na Anibal de Mendonça (que deve ter pego um helicópteto e voado para Mangaratiba). Eu tava indo dormir. Mas meu quarto de repente foi invadido por cheiro de gás (muito forte) e barulhos de tiros, motos, carros, helicópteros. O cheiro era forte, os olhos ardiam (Já conhecia a sensação graças à saída do jogo da final da Copa das Confederações no Maracanã).A hora em que me mexi: minha vizinha começou a passar mal (por causa do gás). Fui ajudá-la. Não parou por aí. A MINORIA vândala decidiu que iria botar fogo na portaria do meu prédio.

Essa hora que decidi ir pra rua. Negociei com os meninos. Porque né, toda a retórica da faculdade tem de servir pra algo. Vi que naquele momento, não devia ficar no prédio. Peguei minha câmera e não fui participar do protesto. Fui registrar. Tentar entender. 

Acontece que a história é longa e eu resumo aqui: três policias da Tropa de Choque agrediram na covardia uma menina de 16 anos. Arrastaram no chão. Chutaram a cabeça. Xingaram. Ameaçaram de morte. Eu e um grupo de fotógrafos que estavam perto chegamos gritando e eles foram embora. Mal treinados como são, na hora de fugir com o carro, bateram no poste. Obviamente, todos os fotógrafos conseguiram tirar foto da placa da viatura.

Acompanho a menina agredida até a delegacia, afinal, sou a única menina e ela precisava do apoio de uma mulher. Entendo. Chegando lá, meus amigos, a resposta pra pergunta de vocês se já acordei achando que era a Natalie: adivinha quem estava junto com a OAB ajudando os manifestantes? Sim. Minha irmã. Não acordei hoje achando que era ela, mas senti orgulho por ser irmã dela. E, de certa forma, hoje, estávamos fazendo a mesma coisa. Dessa vez sim, me senti um pouco como ela. E ela, um pouco como eu. Agimos juntas sem nem saber. Mas o fato não foi sermos gêmeas. Foram os valores. Direitos. Deveres. É isso que une as pessoas - e as iguala."